Fred Caminha



 Fred Caminha nasceu (1955)em Palmares/PE.

Migrou para o Recife-PE em 1966.
Concluiu o terceiro grau.
Publicou o livro de poemas Can I Be poetum.
Publicou vários folhetos de poemas.
Foi editado e editou vários zines de poemas no Recife.
Foi publicado várias vezes pelo jornal Folha de Pernambuco.
Participou do programa de poesia: 
Documento Nordeste da TVU 
Participou de CD de antologia poética.
Participou do projeto Poesia na Praça-Prefeitura do Recife.

Colaborou em 4 antologias poéticas:
Poetas dos Palmares; 
Poesia Viva do Recife;
Marginal Recife;
Dicionário Biobliográfico dos Poetas Pernambucanos
Editou em 2009 o audiolivro de poemas - Antes dos Ossos. 

Fonte: Pernambuco Nação Cultural





Boa Vista
Fred Caminha


O que mais dizer
sobre as casas da Boa Vista,
se a boa vista
não sensibiliza as más vistas?
Quantos insensíveis!!!
ao ar e arte das fachadas,
tornando-as invisíveis,
malfadadas
ao lodo, toldos, placas...
que cortam feito faca
cega que nega
a Boa Vista dos que vêem,
lêem e avistam
suas paredes bordadas,
frutos de mãos fadas
de escravos-operários-artistas.




Crônica de uma Avenida louca
Fred Caminha


Hoje, qualquer dia, na Conde da Boa Vista
o sinal se abre aos choros e risos:
a prazo e à vista
no asfalto tomado de assalto.
Há coca, há cola e Coca-Cola,
no adulto, na criança, na sacola...
O suicida dá o salto para o alto
e para baixo, na noite cheia
de luzes, alegrias e cruzes...
Rola fumo nos ares.
Rola álcool nos bares.
Hoje é qualquer dia,
na Conde da Boa Vista!
Nessa imensa larga pista
sou, a mais, um artista!



Rap do menor
Fred Caminha


Sem cama nem mama
escola ou Coca-Cola
bota mola
cheira cola...
o menor de pouca idade
no centro da cidade.
O humano foi à lua
mas ainda hoje vejo
crianças comendo lixo na rua.
O humano foi à lua
mas ainda hoje vejo
polícia matar meninos de rua.




Cordel
Fred Caminha


Não se iluda rapaz
com o fogo da idade,
sentindo-se forte e tenaz
que maior é a cidade.
Querendo e só vivendo
sua vida vale um triz.
Você pensa que tá tendo
a direção do seu nariz.
Porém não se curve
pra essa força motriz.
Talvez a gente mude
a forma dessa matriz.
Uma força não é nada,
porém um feixe resiste.
Se uma vara é quebrada
o resto chateia, odeia e insiste.




Mais-valia doméstica
Fred Caminha


Essa morena engraçada
que traz a tez bronzeada
dos beijos que o sol
lhe dá,
padece em trama familiar,
na relação vagabunda:
DE DIA PIRES NA MÃO
DE NOITE PIRES NA BUNDA!



Soneto imperfeito
Fred Caminha


Fiz estes versos roucos
sobre um amor pouco.
Não como um belo canto
mas por puro desencanto.
Se acaso não tens motivos
na tua vida de risos,
de algum triste pranto;
não leia este meu canto.
Omita-se desta leitura,
fruto da minha loucura
de crer em falsa jura.
Porém peço o respeito
do sangrar de meu peito
neste soneto imperfeito.




Bairro do Recife Antigo
Fred Caminha


Bairro do Recife Antigo
praça diurna dos bancos
área noturna dos cancros
zona de alegre-infeliz.
Seu porto atraca navios
com doláres, com marinheiros
pras putas e seus banqueiros
do secular casario.
Lá Apolo virou cais!
Lá velho vira rapaz!
Lá todos viram casais!
E como disse um poeta
entre bêbado e sagaz:
- Há sempre festa no cais!




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